O Radão

Rn



O radão, descoberto por Owens e Ernest Rutherford em 1899, é um gás nobre, que à temperatura ambiente se encontra no estado gasoso.
Este gás radioactivo natural, resulta da desintegração do rádio-226 e pode ser encontrado nas rochas, no solo, no ar e na água e decai sucessivamente para isótopos radioactivos até dar origem ao isótopo mais estável: o chumbo-206.
O facto de se libertar do solo para a atmosfera tem como consequência a exposição do Homem às radiações ionizantes o que coloca em perigo a sua saúde.
Fig1. Decaimento: urânio-238

Em CNPT caracteriza-se por ser um gás incolor e inodoro, o que o torna indetectável.
Por ser um gás monoatómico difunde-se facilmente e consegue penetrar materiais como plástico, madeira e papel o que lhe possibilita “entrar” facilmente nas habitações, sendo também solúvel na água e em solventes orgânicos.



O radão apresenta vários isótopos (átomos cujo núcleo tem o mesmo número atómico Z) sendo os três principais:

- Radão (222Rn) resultante do decaimento do urânio

- Actinão (219Rn) originado pela desintegração do actínio

- Torão (220Rn) produto do decaimento do tório

O facto de tanto o actinão como o torão terem meia-vidas curtas e de não serem abundantes faz com que o seu perigo seja muito reduzido.

Por outro lado o radão, que constitui mais de 99% do urânio, tem uma meia-vida de aproximadamente 3,82 dias o que lhe confere tempo suficiente para se difundir através das microfendas das rochas e do solo e atingir a atmosfera, tornando-se o principal responsável (mais de 50%) pela radioactividade junto à superfície da Terra, requerendo assim alguma atenção pelos seus riscos.
Fig2.Radioactividade natural: importância do radão

Como é que o radão chega até nós?

A exposição ao radão é condicionada por factores geológicos e a sua produção apenas depende da concentração de urânio cuja distribuição varia nos solos e rochas, sendo que as concentrações mais elevadas ocorrem, em rochas graníticas (plutónicas) verificando-se baixas concentrações em rochas sedimentares.

Como é que posso reduzir a concentração de radão em casa?

Para evitar altos níveis de radão, nas habitações, que possam prejudicar o Homem, há simples medidas a tomar como:
• tapar as fendas existentes no pavimento ou juntas de tubagens, para impedir a penetração do radão;

• favorecer a ventilação natural, de modo a reduzir os níveis de radão no interior das casas, o que é possível especialmente no Verão;



Exposição ao radão


A exposição ao radão e aos seus descendentes radiogénicos, faz com que estes, através das vias respiratórias, entrem nos pulmões onde se irão fixar os seus isótopos de polónio, bismuto e chumbo resultantes de decaimentos sucessivos, que têm como consequência a emissão de radiação ionizante.
É de notar que o facto destes isótopos terem tempos de meia-vida curtos, não mais que alguns minutos, faz com que se produza uma irradiação contínua nos pulmões em pouco tempo até que seja atingida a sua forma final estável (chumbo-206).
Fig3. Radão em Portugal



É importante referir ainda que as partículas emitidas pelo radão têm pouco poder de penetração, sendo incapazes de atravessar a própria pele.
Contudo, após a inalação do gás, este factor torna-se num problema, uma vez que desta forma as partículas não conseguem sair do corpo humano e, consequentemente, depositam toda a sua energia nele, o que pode originar lesões/patologias mais ou menos graves consoante a quantidade de radão inalado.

Assim, os danos provocados nos tecidos pulmonares pelas radiações emitidas podem induzir ao desenvolvimento de cancro, como se pode verificar nos estudos da Agência de Protecção Ambiental dos EUA (EPA) que estima que 1 a 3 em cada 100 pessoas que, durante a vida inalem ar com concentrações de radão iguais ou superiores a 150 Bq/m3 correm o risco de contrair cancro do pulmão, sendo que este risco aumenta no caso dos fumadores, por razões óbvias.


- O radão nas águas: radioniclídeos capazes de se dissolver
Apesar de haver menores riscos para o Homem se ingerido, estes não devem ser ignorados, especialmente quando a sua concentração nas águas for elevada, uma vez que a exposição ao radão por ingestão tem como resultado a exposição do sistema digestivo e dos pulmões:
- digestivo por ingestão da água com o radioisótopo
- pulmões pois o radão dissolvido na água liberta-se para a atmosfera sendo posteriormente inalado
Assim, tome-se como exemplo:
Como o radão liberta-se da água facilmente, só o facto de abrir uma torneira faz com que diminua o risco de exposição por ingestão mas aumente o risco por inalação.

É também importante ter-se em atenção que o radão é solúvel nos fluídos do corpo e nas gorduras o que pode ter efeitos muito nefastos para o ser humano.



________________________________________

Fontes das imagens:


Nota: imagens sem referência bibliográfica foram feitas no Paint